13 de Maio, libertos do cativeiro. Não da escravidão | Vagner Rosa

Não há como falar da Lei Áurea sem relembrar os tempos do colonialismo, por isso, quero convidar você amigo leitor a fazer uma breve viagem no tempo, vamos voltar para a época do Brasil colônia.

A escravidão no Brasil começou no século XVl, por volta de 1535 e perdurou por quase quatro séculos. Africanos foram literalmente arrancados do continente e da cultura em que nasceram, trazidos para uma terra distante, forçados a trabalhos árduos, sofreram todos os tipos de humilhações e violências, foram discriminados e explorados com seus descendentes na construção do País.

Em meados do século XlX, a escravidão ainda era uma realidade na jovem república, que é o maior território escravista do hemisfério ocidental. 40% do total de 12,5 milhões de africanos cativos embarcados para a América tiveram como destino o Brasil.

O País atravessava um período de muita tensão social e instabilidade, marcado por vários acontecimentos de resistência à escravidão. A exemplo do Quilombo dos Palmares, em Pernambuco, e a revolta dos Malês, na Bahia, com sangue, suor e lágrimas de muito sofrimento os negros cativos se rebelavam contra a opressão do regime escravocrata, pagando um alto preço. A própria vida, porque ousaram lutar por sua liberdade.

Naquela altura, movimentos abolicionistas movidos por questões econômicas, sobretudo políticas e sob intensa pressão internacional, buscavam meios para resolver a questão da escravidão, com a promoção de Leis, que visavam adiar a resolução definitiva, como as Leis Eusébio de Queirós, a do Ventre Livre e a dos Sexagenários, esta última, aprovada três anos antes da Lei Áurea.

No dia 13 de Maio de 1888, oficialmente acabou a escravidão, mas o Brasil não se preocupou com a situação do negro. Liberdade nunca significou para os ex-escravos cidadania, oportunidade de integração social ou melhoria de vida. Nunca tiveram acesso à educação, assistência à saúde, terras ou à moradias decentes. Jamais tiveram a oportunidade real de participar da sociedade brasileira na condição de cidadãos. Abandonados à própria sorte, deixaram o cativeiro, porém continuavam escravos sociais.

A escravidão no Brasil foi uma tragédia humanitária de proporções gigantescas, que até hoje o negro sofre os seus reflexos. Atualmente em nosso país, pretos e pardos representam 56% da população, apesar disso, são minoria nos espaços de decisão. Porque?

Pesquisa recente do IBGE (2020) aponta que aumentou a desigualdade salarial entre negros e brancos. A renda média mensal dos negros no país equivale a 55,8% da dos brancos. Isso demonstra que a população negra ainda luta para conseguir se estabelecer definitivamente na sociedade brasileira.

Nossa luta é por equidade.

*Vagner Rosa é secretário do movimento Igualdade Racial do Republicanos Capital SP

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3 thoughts on “13 de Maio, libertos do cativeiro. Não da escravidão | Vagner Rosa

  1. Paulo dos Santos Silva says:

    Infelizmente essa é uma realidade que vivemos a cada hora,dia, década, e século (pelo que indica ao menos) nossos antepassados não foram meramente abandonados e largados à sorte, mas foram também impedidos, sim impedidos, se fossemos somente abandonados com certeza teríamos reconstruídos os nossos caminhos, mas além de a abadonados sem apoio nenhum, fomos impedidos de se desenvolver, e a cada 13 de Maio nós separamos com esse abandono, os veículos de mídia e imprensa, se quer noticiaram, preferiram noticiar a conotação religiosa,pois neste dia também é comemorado o dia da Santa de Fátima, mas o fato é que tudo isso é motivo de nós “revoltarmos” (no bom sentido da palavra) e buscar,fazer, se esforçar por “dias melhores, lutando pelo nosso espaço,ações afirmativas e a devida conscientização, não podemos nos contentar em sermos os “cidadãos de cor” os que embora negros, são gente boa,não,não, nós podemos tanto quanto.

  2. Guedes Discípulos says:

    13 de Maio. DENUNCIAMOS A ABOLIÇÃO INACABADA!!
    O que estamos vivendo nestes dias , o que estamos presenciando nas redes sociais e nos meios de comunicação em geral é um grande exemplo de que no dia 13 de maio e todos os outros dias, temos que denunciar uma abolição inacabada.
    VOZES DA EXISTÊNCIA surge neste momento quando se descobre que mais de 42 milhões de pessoas eram invisíveis de diversas formas em nossa sociedade. Falamos de mais de 42 milhões de pessoas que não estavam contabilizadas.Dessas pessoas a maioria são negros/as , que simplesmente não existiam nos dados oficiais.
    Como vamos comemorar uma abolição que na realidade não existiu de fato?
    Agora está visível, escancarado o quanto as políticas públicas em defesa da vida não chegam a uma imensidão de pessoas neste país. Mas as políticas públicas de morte, ou seja a Necropolítica chegam de forma muito rápida e avassaladora!!
    As desigualdades quando falamos de raça, gênero e classe estão à mostra, basta atentar-se aos dados, às pesquisas, que mostram que a racismo estrutura em nossa sociedade.
    Por isso.
    VIVEMOS UMA ABOLIÇÃO INACABADA!!

  3. Max da Silva says:

    Bom dia Sr secretário concordo plenamente com o Sr,em gênero número e grau
    Isso demostra muitas coisas que nós os negros sofremos hoje

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