Não é preciso nenhuma especialização em engenharia ambiental para que se perceba a duvidosa qualidade do ar que respiramos em São Paulo. Basta a experiência de retornar à cidade após um fim de semana na praia ou no campo para que vejamos, quando nos aproximamos das marginais, nossa lenta e inevitável imersão na calota de poeira, fumaça e opacidade que envolve a cidade. Depois esquecemos, mas na chegada parece que instintivamente nossas narinas e pulmões se retraem e passamos a respirar, ou apreciar o ar “com moderação”, como aconselham os comerciais de bebida.
Na comparação entre capitais globais, a capital brasileira que aparece primeiro nesse ranking é São Paulo, na 74ª posição. Uma das principais razões da péssima colocação é a qualidade de seu ar. E não surpreende que seja também a capital campeã de poluição no Brasil, por conta de que as grandes cidades tendem a gerar uma maior quantidade de poluentes, levada pela sua dimensão, elevada concentração de pessoas, veículos e indústrias.
Ao contrário das cidades situadas em regiões frias, onde as casas precisam de aquecimento, São Paulo tem como principais geradoras de poluição as fontes móveis e não as estacionárias. Isso quer dizer basicamente carros, ônibus e caminhões e não indústrias ou chaminés residenciais. Notamos, assim, à preponderância da questão dos veículos e da mobilidade também na questão da sustentabilidade, sendo que os automóveis são os maiores poluidores e respondem por cerca de 77% dos gases tóxicos jogados na atmosfera da cidade.
Além das implicações individuais, apenas para que tenhamos ideia dos custos sociais da poluição, a região metropolitana de São Paulo arca com um custo altíssimo para tratar doenças relativas à qualidade do ar. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) é estimado que a poluição do ar mata cerca de sete milhões de pessoas por ano.
Isso não pode, porém, significar indulgência com a irresponsabilidade de indústrias, mas reforça a ideia de que a reversão da ação predatória industrial não é suficiente para a reparação das condições ambientais se não for acompanhada pela contenção das mesmas pulsões, só que na esfera individual.
Nesse sentido, sem prejuízo das demais medidas de restrição do uso de automóveis, a inspeção veicular deve ser repensada pelo poder público com o total apoio e envolvimento da sociedade civil.
*Hugo Duarte é professor e secretário-geral do Republicanos Capital SP
1 thoughts on “O ar que respiramos | Hugo Duarte”
Até quinta feira podíamos votar em ideias coletadas em todas as subprefeitura de São Paulo. E havia muitas, em todas as esferas. E eu votei em uma feira pela população do Ipiranga e Cursino, de cercas verdes, para ajudar no ar. Parece me com menos de 10 pessoas votaram. Excelentes ideias e a maioria da população não sabem. Acho que as subprefeituras teriam que ter wchasapp. VCS não acham?